domingo, 27 de julho de 2014

Wilson de Oliveira Jasa [poesias] - Henrique Takimoto Jasa

HENRIQUE TAKIMOTO JASA

Grande Henrique Takimoto
Jasa, cantor e poeta;
ator e compositor,
que nos versos se completa;
tem poemas bem escritos,
de qualidade seleta. (26-12-2013)

HENRIQUE TAKIMOTO JASA (2)

Grande Henrique Takimoto
Jasa, cineasta e poeta;
cantor e compositor,
tem sonhos e também meta;
e deve seguir em frente,
pra vitória ser completa. (22-05-2014)

HENRIQUE TAKIMOTO JASA (3)

Viva o Henrique Takimoto
Jasa, cantor e poeta;
que é também compositor,
música e verso o completa;
quer viver cada seu sonho,
pra isso cumpra cada meta. (12-06-2014)

HENRIQUE TAKIMOTO JASA (4)

Poeta Henrique Takimoto
Jasa, tem no coração;
um sentimento fraterno,
muitos sonhos e ilusão;
e pra chegar onde quer,
sonhe com os pés no chão. (12-06-2014)

(Poeta WILSON DE OLIVEIRA JASA)

domingo, 6 de julho de 2014

Alguma Coisa Lá em cima (de Dalson Ricardo Cardoso)

Espero que goste!!
Alguma coisa lá em cima

Eu moro em um prédio perto de uma faculdade de São Paulo. É um prédio pequeno de dois andares com vários apartamentos pequenos de um dormitório cada em cada andar, incluindo o térreo, que o dono aluga exclusivamente para estudantes, de São Paulo e do interior. Todos do prédio se conhecem e são bem amigos. Esse prédio não tem elevador, já que só tem dois andares. Na verdade... existe um terceiro andar, mas só tem uma sala enorme que é usada como depósito.

E é nesse depósito que se encontra o fantasma do prédio. Se bem que fantasma não estaria muito certo, está mais para demônio. O prédio tem várias regras, mas a que se da mais ênfase é "NÃO ENTRAR NO DEPÓSITO DO TERCEIRO ANDAR, NEM SE QUER ABRIR A PORTA" Ninguém sobe lá em cima.

Aparentemente essa entidade, fantasma ou demônio (o que você preferir) deu uma dor de cabeça boa por muito tempo, até que alguém conseguiu "trancar" ele lá em cima no terceiro andar. Parece que foi um residente que ficou aqui por um tempo, e dizem que depois que ele "trancou" o demônio lá em cima ele falou que ia embora e que não voltava para o prédio. Ele cortou completamente o contato com os amigos que ele tinha feito aqui e hoje em dia ninguém sabe onde ele está.

O zelador raramente entra lá dentro do depósito, só quando ele realmente precisa ir lá. E quando ele vai, ele não demora mais do que alguns minutos. Ele entra correndo e sai voando de lá de dentro.

Como nesse prédio é todo mundo estudante eu sempre pensei que era mais uma história só para assustar os mais novos ou para assustar o pessoal que chega do interior (o que é bem comum aqui), até o dia que eu estava estudando com um cara que mora no segundo andar. O quarto dele fica bem em baixo de onde está o depósito. Nós estávamos lá quietos, estudando, quando eu comecei a ouvir barulhos no andar de cima.
Eu olhei para ele e falei "eu achei que o Silva (o zelador) tinha viajado essa semana" ele olhou para a minha cara e falou "o Silva viajou" ai eu falei "e quem está no lugar dele?" "ninguém, não tem ninguém cobrindo ele" ai eu parei, pensei um pouco e arrisquei "e quem está lá em cima no depósito?" O meu amigo parou de ler o livro, olhou para a minha cara e falou "Não é quem, é o que." Eu falei para ele poder esquecer aquele papo de demônio no depósito que comigo não colava, ele perguntou quem podia ser, se só o Silva tinha a chave de lá e ele estava viajando. Ele falou que se eu estivesse pensando que era rato ou gato que era para prestar atenção no som. Era o som de algum a coisa grande andando, e de vez em quando arrastava alguma outra coisa. O que era realmente verdade. O que fazia aquele som não era nenhum rato ou qualquer outro animal. Ele falou que já tinha reclamado com o Silva do barulho, que as vezes acordava ele no meio da noite, mas o Silva falou que não podia fazer nada. O meu amigo pediu para o SIlva levar ele até lá em cima, para ele mesmo ver o que era. Ele encheu tanto o Silva que ele acabou levando o meu amigo. Quando o Silva abriu a porta, o depósito estava completamente gelado. Dava para ver a respiração saindo da boca, e era verão! O meu amigo perguntou se tinha algum ar condicionado ligado lá dentro e o silva falou que não, e que quando tava frio assim era bom não deixar a porta aberta. Quando o Silva estava fechando a porta, o meu amigo conseguiu dar uma última olhada lá dentro, e ele jura que viu uma sombra escura lá no fundo, indo na direção da porta. O Silva trancou a porta e foi embora enquanto ele ficou mais um tempinho lá para ver se ouvia algo. Quando ele estava virando para ir embora, ele viu a maçaneta da porta girar bem devagar, como se tivesse alguém testando para ver se a porta estava destrancada. Depois que ele viu isso ele saiu correndo e nunca mais voltou lá para cima.
Eu já perguntei para o Silva, e ele não gosta de falar sobre o que tem lá dentro. É muito difícil conseguir fazer ele falar alguma coisa sobre o assunto. A única coisa que ele repete sem parar é "não é para ninguém ir mexer lá em cima."

Eu tenho mais algumas histórias sobre esse "demônio", mas eu só vou contar mais uma agora. É sobre uma garota, que morava aqui antes de "trancarem" o coisa ruim lá em cima. Parece que ela morava no apartamento que ficava bem de frente para a escada que sobe para o terceiro andar. Numa noite de sábado, quando quase todos do prédio tinha saído para se divertir, só ela e mais alguns poucos ficaram lá. Ela estava no computador fazendo um trabalho quando ela ouviu passos pelo corredor. Nada de anormal, ela não era a única que tinha ficado no prédio. Mas então bateram na porta de um dos apartamentos vazios. Ninguém atendeu. Bateram na porta de outro. Também não tinha ninguém. Foram batendo de porta em porta (ela era a única pessoa do segundo andar que tinha ficado). A essa altura ela já estava meio assustada achando que podia ser ladrão. Então bateram na porta do lado do apartamento dela. Ela ficou olhando para a porta, esperando baterem na porta dela, mas ao invés de baterem, ela viu a maçaneta girando. Ela estava com o coração na boca, e então bateram na porta. Mas não foi como a batida dos outros. Nos outros apartamento parecia só que tinham batido com os nós dos dedos, na porta dela parecia que estavam dando chutes com uma fúria incrível. A porta tremeu completamente. Ela correu para a cozinha. Da cozinha ela podia ver a porta da frente. A luz lá fora estava acesa e ela podia ver a sombra dos pés de alguém pelo vão que tinha embaixo da porta. Um tempo passou e quem quer que fosse ainda estava lá. Ela resolveu olhar pelo olho mágico quem era, na esperança que fosse alguma brincadeira idiota de alguém do prédio.
Quando ela olhou, ela viu uma sombra escura e disforme na frente da porta dela, que tinha dois olhos vermelhos. Quando ela começou a olhar, a sombra estava longe da porta, quase na escada. Então ela começou a se aproximar, como que se soubesse que a garota estava lá na porta olhando ela. A garota soltou um grito que chamou a atenção do prédio inteiro. O pessoal que tinha ficado aqui saiu correndo para ver o que era, e encontraram a porta aberta, com a garota desmaiada no chão, com duas marcas roxas nos pulsos dela, como se alguém tivesse agarrado ela com muita força. Ela falou que só lembra de ter visto a sombra se aproximar da porta e de gritar. Depois disso ela só lembra de estar todo mundo do lado dela no apartamento. Sem falar que ela estava com a porta trancada e com a correntinha, e não tinha sinal nenhum de entrada forçada. No dia seguinte ela foi para a casa de uma prima dela que mora aqui em São Paulo e só voltou para cá para pegar as coisas dela.

Depois disso que o tal cara "trancou" de algum jeito o demônio no depósito. Eu nunca cheguei a ver nada, a não ser uma vez que eu dei uma de curioso e subi para o terceiro andar para ver se via alguma coisa. Quando eu encostei na porta ela estava completamente gelada, como se fosse a porta de um freezer industrial. Eu sai correndo de lá na hora.

E é isso. Essa é a minha história. Mesmo não tendo visto o fantasma, demônio ou entidade (de novo, o que você preferir) eu já tive provas o suficiente de que realmente tem alguma coisa naquele depósito. Eu não sei o que, mas tem alguma coisa lá em cima.

O ASSALTO (de Dalson ricardo Cardoso)


O ASSALTO

“Cadê o Geral, cadê o Geraldo?”. Escuto meu nome ser proferido aos berros do lado de fora da minha porta, mas não entendo por quê. Levanto e vou até a porta, para ver do que se trata. Abro a porta, saio confuso e sinto algo gelado forçando minha têmpora direita. Na minha frente está minha secretária ajoelhada e um homem de capuz preto na cara, que segura uma arma contra a nuca dela. Ain...da sem entender o que acontece, olho pra direita pra tentar achar a coisa que incomoda minha cabeça: é outra arma, outro bandido de capuz preto na cabeça. Ele diz "Ajoelha" pra mim e minhas pernas obedecem antes da cabeça mandar. "Tu que é o Geraldo?", ele grita, e antes de eu responder, Letícia de súbito diz que sim, que sou eu o gerente do banco e o único que pode dar o dinheiro que eles querem.
Tantos anos sendo minha secretária e nunca pensei que ela me trairia desta forma. O verdugo que a mantém genuflexa me olha e diz: "É ele", apertando em seguida o gatilho da arma que estava sobre a cabeça de Melissa: BLAM! O barulho seco do tiro abafado pelo crânio dela deixa o som das vozes abafadas, por alguns segundos só escuto um zunido. A luz intensa que sai do cano da arma deixa minha vista branca e o cheiro do sangue, da carne e da e pólvora me baixam a pressão instantaneamente.

Como cheguei até aqui? Esta é a vida que eu imaginei ter? Eu queria ser bombeiro. Era apaixonado por caminhões de bombeiros e suas sirenes, me imaginava de farda, combatendo o fogo. Sempre que brincava com meus amigos eu era quem salvava as vítimas. Depois pretendi ser médico, salvar pessoas, me tornar pediatra - ou geriatra -, resolveria problemas graves. Abandonei a ideia no segundo semestre da faculdade, mas foi lá que eu conheci meu primeiro e verdadeiro amor, Cíntia. Ela era linda, tão tímida que encantava qualquer um. Fazia enfermagem, só que sonhava mesmo em ser médica, pediatra ou geriatra. Foi aí que me apaixonei, mesmo que desapaixonara da medicina. Acho que permutei as paixões. Saímos algumas vezes até eu perceber que ela também estava apaixonada - apesar de eu ter desperdiçado um sonho que era dela. Comecei a estudar administração, pois ainda estava à deriva e não sabia bem o que iria fazer da vida após ter o sonho interrompido pela desilusão. Comecei estagiando em bancos, e fui aprendendo com meus amigos a praticar pequenos furtos. Me formei, fui efetivado em um grande banco, mas, depois que Cíntia descobriu meus planos de fazer um golpe grande, terminou nosso relacionamento e nunca mais nos vimos. Disse que não me conhecia, que eu não era quem ela pensava ser, um altruísta, filantropo, alguém ético e correto. Eu queria poder, dinheiro, posição, era e sempre fui ambicioso. Ela nunca entenderia, por ser inocente e ingênua demais. Esse é um mundo de Geraldos, não de Cíntias.

Por já ter certa posição no banco e conseguir muito dinheiro desviando aposentadoria de velhinhos, casei com a filha de um influente senador. Ele me promoveu a gerente do setor de empréstimos da maior agência do banco no estado, o que me deu margem para desviar grana grande. Foi uma maneira de o senador dar melhores condições de vida à sua filha, indiretamente. Contudo, apesar de estar feliz com minha vida financeira, nunca fui feliz com minha esposa arranjada. Ela também não deve ter sido, pois foi praticamente forçada a casar-se comigo. Tivemos apenas um filho, que parou de estudar quando foi para uma universidade na Holanda e agora é um drug dealer na zona vermelha.

Se arrependimento matasse… ou melhor, se arrependimento evitasse que a gente morresse como agora vai acontecer comigo! Eu viveria outra vida. Aliás, eu voltaria a viver a vida antes do primeiro desvio, antes do primeiro golpe, encontraria Cíntia e tentaria mostrar o que estou sentido agora, no momento em que estou para morrer. Diria que sinto novamente meu amor por ela, o quanto estive errado e como minha vida foi de fato da forma como ela prognosticou naquele dia em que nunca mais a vi.

Queria tanto não morrer agora, como Melissa, que foi sumariamente descartada por não ser quem essa gente procurava. É assim que um homem arrependido deve morrer, pelas mãos de assassinos frios que só querem dinheiro?

Recobro minha vista com um tapa na cara, e o sujeito me manda levantar. Querem que eu abra o cofre. Tento dizer que não tenho a chave, mas eles mostram saber mais da minha vida que minha própria esposa. Pego a chave codificada. Há cinco milhões de reais no cofre do banco. Com esse dinheiro eu poderia dar uma vida de rainha pra Cíntia, fazer dela a mulher mais feliz do mundo, pra que ela me fizesse o homem mais realizado. Pagaria sua faculdade de medicina, se ela já não fosse médica, e ela se tornaria geriatra, ou pediatra, e cuidaria de mim quando envelhecêssemos, e teríamos dois filhos com os olhos dela, uma casa de campo na serra, uma poltrona confortável à beira de uma lareira. Mas esse dinheiro agora não poderia mais ser meu, nem do banco, nem dos verdadeiros donos, pois os homens encapuzados (que conto por alto serem cinco, portanto um milhão para cada, o que seria justo, uma vez que assaltam juntos o maior banco do estado, cujo gerente é um dos homens mais sujos do país) agora vão levar sem nenhum esforço. Enfio a chave trêmula, giro e estalo! Trinta e dois pra direita, sessenta e cinco pra esquerda, estalo! Setenta pra direita, vinte e quatro pra esquerda, estalo! Trinta e nove pra direita e, e, e... e qual é a merda da última dezena? Cinquenta e cinco? Cinquenta e seis? "Vai duma vez, cacete. Droga, vou explodir essa merda", diz o mais impaciente deles. Ele olha pra mim com raiva, fecha o rosto. Reluz no vidro dos seus olhos um brilho intenso: BLAM! O brilho é do fogo da arma que ele apontava pra mim, e que agora empurra a mão dele contra seu corpo. O barulho da explosão ecoa entre minhas orelhas, e sinto um doce perfume misturado à pólvora e à fumaça: é o cheiro do sangue que me escorre pela face.

Dudjinka


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